É verdade que a guerra é coisa de homens. Por isso é raro ali encontrar mulheres. Temos principalmente as cozinheiras, as auxiliares de saúde e as mulheres de boa companhia que dão ao soldado, que se encontra longe de casa, o reconforto de que por vezes necessita. Poucas destas mulheres passaram à posteridade, mas citemos mesmo assim as Currie, mães e filhas, que geriam os centros de radiologia embarcados. Evoquemos também Louise de Bétigny, responsável pela rede Alice, uma rede de resistência atrás das linhas alemãs. Temos também Nicole Girard-Mangin, a primeira mulher médica num campo de batalha. Não esqueçamos todas as anónimas que substituem os seus homens na retaguarda da frente de batalha. E, no meio de todos estes homens, existe apenas uma única mulher em combate, Flora Sandes, uma jovem britânica que se juntou ao exército sérvio.
É no quadro dos serviços de saúde que as mulheres são mais numerosas. As enfermeiras vivem o mesmo calvário que os soldados, seja muito perto do combate, seja nos hospitais da retaguarda. O seu quotidiano é composto de corpos mutilados, de almas em sofrimento ou de terror nos dias de bombardeamentos. Cada exército terá o seu regimento de enfermeiras. No caso do Corpo Expedicionário Português, o pessoal de enfermagem está ligado à «Cruzada das Mulheres Portuguesas». Este organismo é fundado no dia 20 de Março de 1916 por Elzira Machado, esposa do Presidente da República portuguesa, Bernardino Machado. A similaridade do nome não é uma coincidência; Maria é filha deles. O organismo tinha inicialmente por objectivo formar o pessoal de saúde e trabalhar ao mesmo tempo no âmbito da preparação da guerra. A sua aproximação à Cruz Vermelha deu origem ao corpo de enfermagem.
Maria Francisca, nasce a 18 de Agosto de 1889 em Vila do Conde, uma cidade próxima do Porto. Dadas as origens da sua família, recebe uma educação perfeita e rapidamente se envolve ao lado dos seus pais. A jovem rapariga, de olhos negros e caracóis castanhos, revela muito cedo o seu elevado sentido do dever. É militante na Liga Republicana das mulheres e oferece a sua ajuda aquando do tremor de terra no Ribatejo, em 1990.
Mais tarde, encontrámo-la no seio da associação de propaganda feminista, e mais tarde acompanha o seu pai ao Brasil (1912-1914), então Ministro de Portugal.
Com a participação de Portugal na Grande Guerra, Maria Francisca torna-se enfermeira e é enviada para a frente de batalha. Serve no sector português e depois no hospital de Boulogne.
Maria morre de uma pneumonia a 12 de Outubro de 1918 em Hendaia, cidade onde a família se refugiou após a tomada de poder de Sidónio Pais.
Mais tarde, o seu pai prestar-lhe-á homenagem num livro: «Maria».
Redação : Aurore ROUFFELAERS
Fontes
http://silenciosememorias.blogspot.fr/2010/11/120_21.html